sábado, 10 de julho de 2010

A saída do euro como solução para a crise da dívida pública

Um grupo de economistas da Universidade de Londres — Costas Lapavitsas (coordenador), A. Kaltenbrunner, D. Lindo, J. Michell, J.P. Painceira, E. Pires, J. Powell, A. Stenfors, N. Teles — afirmou que a crise da dívida pública dos países periféricos da zona euro (Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha) tem origem nos excedentes da balança de transacções correntes da Alemanha e defende a reforma da União Monetária ou a saída do euro como soluções para a crise.

Estas conclusões são apresentadas no estudo "Crise da Eurozona: Empobrece-te a ti próprio e ao teu vizinho" ("Eurozone Crisis: Beggar Thyself and Thy Neighbour").

Deixo as Alternativas apontadas:

"Existem três alternativas estratégicas para os países periféricos.

1. A primeira traduz-se em programas de austeridade acompanhados por acrescida liberalização da economia. Esta é a opção preferida pela zona euro e pelas elites da periferia. É igualmente a pior opção. A estabilização económica será obtida através da recessão e da imposição de elevados custos sobre os trabalhadores. Este cenário oferece perspectivas reduzidas no que toca a futuro crescimento sustentado já que se acredita em aumentos de produtividade espontâneos após as medidas de liberalização. Adicionalmente, não contempla qualquer reforma que altere a arquitectura enviesada da zona euro.

2. A segunda consiste na reforma radical da zona euro. Tal opção envolveria maior liberdade orçamental para os estados-membros, um aumento substancial do orçamento europeu, transferências dos países ricos para os mais pobres, medidas de protecção laboral e investimento europeu dirigido aos sectores industriais ambientalmente sustentáveis. Os restritivos estatutos do BCE seriam igualmente revistos. Esta pode ser designada como a alternativa do “euro bom”. Problemas políticos à parte, é provável que esta estratégia apresente algumas ameaças para as ambições do euro enquanto moeda de reserva internacional, devido à sua provável desvalorização. Tal facto constituiria, por si só, uma ameaça à viabilidade da União Monetária.

3. A terceira alternativa para os países periféricos é a saída radical da zona euro. Tal alternativa resultaria, de imediato, na desvalorização das moedas nacionais, seguida da cessação de pagamentos e reestruturação da dívida. A banca teria de ser nacionalizada e o controlo público estendido aos sectores estratégicos da economia. Uma política industrial, promotora do aumento da produtividade, seria necessária. Esta opção requer uma alteração radical na correlação do poder que seja favorável aos trabalhadores. De forma a evitar estratégias de autarcia nacional, os países da periferia precisariam manter o acesso ao comércio internacional, à tecnologia e ao investimento."

(coloquei-a a vermelho porque me parece a mais acertada).

O relatório integral pode ser descarregado aqui  a partir do sitio http://www.researchonmoneyandfinance.org/ .

Ver o artigo do Resistir.info.
 
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