quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
«Lutar por direitos no trabalho, construir o futuro!»
É possível o pleno emprego
Na terça-feira, por todo o País, os comunistas estiveram junto dos centros de emprego a contactar com os trabalhadores desempregados. Em distribuições de folhetos, conversas individuais ou em breves discursos, afirmaram que o desemprego não é uma inevitabilidade e que, com uma nova política, é possível garantir o pleno emprego.
Solidariedade do PCP
Jerónimo de Sousa endereçou «uma palavra de solidariedade para com o povo da Madeira e muito em particular para com as famílias das vítimas».
Falta de transparência
 PCP propõe que a Assembleia da República requeira ao Tribunal de contas uma auditoria à actividade da empresa Parque Escolar.
A falsa harmonia
O sindicato dos metalúrgicos alemães aceitou o congelamento salarial. O patronato classifica como «gestão comum da crise».  
Trabalhadores persistem na luta
Capital acumula
A crise não é para todos. Os multimilionários russos quase duplicaram o seu número em 2009, passando de 49 indivíduos para 77.
Crime de guerra
Dezenas de civis foram massacrados pela NATO durante a ofensiva lançada no Sul do país. Os norte-americanos já sofreram mais de um milhar de mortos.  
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sábado, 20 de fevereiro de 2010

De olho vivo!

«Está disposto a tocar no seu próprio salário, no salário dos ministros, dos deputados, do Presidente da República, dos presidentes de Câmara, dos Governos regionais, dos gestores públicos, dos dirigentes dos institutos públicos?» - perguntou o presidente do CDS-PP no debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado ao primeiro-ministro, acrescentando: «e deixo-lhe a sugestão de abdicarmos todos do 13.º mês». 

O objectivo, disse Paulo Portas, é «dar o exemplo» e «reforçar a autoridade política» para congelar os salários da administração pública.


Sócrates, mesmo dizendo que a proposta é populista e demagógica, afirmou: «não me importo nada de reduzir o meu salário. Tenho o maior gosto em contribuir com o meu 13.º mês. Não contará com a minha oposição


Dias antes, o ministro das Finanças já se tinha afirmado disponível para abdicar do seu salário, a exemplo do que anunciou o Governo irlandês.

Esta é uma daquelas ideias que tem todas as condições para pegar. Uma ideia fácil, que até pode parecer generosa, mas que é muito perigosa.

Os problemas do país não se resolvem com cortes nas retribuições «dos políticos» e dos chefes. Resolvem-se, entre outras medidas, com uma distribuição justa da riqueza, que a vá buscar onde ela está - nos escandalosos lucros dos grandes grupos económicos e na exploração desenfreada de quem trabalha - para a pôr nos salários, nas pensões, nos serviços públicos, nas prestações sociais.


O exemplo da Irlanda, que inspirou o ministro das Finanças, é aliás revelador. 

Dizem os jornais que o Orçamento de Estado irlandês apresentou, como forma de combater a crise, um corte de 20% no salário do primeiro-ministro e de 15% no dos ministros. 

Ao resto da proposta é que foi dado menos destaque: aos funcionários públicos irlandeses foram cortados 10% dos salários e o subsídio de desemprego e os abonos de família também foram reduzidos.

Como Portas acabou por confessar, este é o tipo de medidas que serve para «dar o exemplo» e abrir caminho para, mais dia menos dia, propor um corte no salário e no 13.º mês de todos os trabalhadores. 

E isso não se pode admitir.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os défices orçamentais e como se combatem

Nos orçamentos domésticos, sendo curtos os salários e grandes e crescentes as necessidades (algumas – nuns casos poucas, noutros muitas – criadas artificialmente por pressão publicitária e bancária), a via é a de adequar as despesas às receitas, ou acrescer estas de crédito bancário.

De onde, o endividamento das famílias.

Preocupante!, porque muito condicionador dos níveis de vida.

E do futuro.

No Orçamento de Estado, a regra deveria ser, teoricamente, inversa: a de adequar as receitas às despesas resultantes das funções e obrigações do Estado.

E quais são estas?

Depende.

Mas deveriam depender, sobretudo e/ou imperiosamente, da definição constitucional.

O que é o mesmo que dizer dos direitos consignados na Constituição da República Portuguesa, de 1976 e suas muitas alterações até à versão actual.

Ora o que se pretende inculcar, através da informação veiculada e manipuladora, é que o défice do OE deve ser atacado pelo lado das despesas, e sobretudo nas despesas com os trabalhadores e nas áreas que resultam dos direitos sociais, da saúde, da educação, das acessibilidades, do viver das populações.

A partir dos relatórios do OE de 2010 (e de 2008 e 2009) e outros estudos, o que se verifica é uma quebra nas receitas fiscais, sendo a principal responsável pelo crescente défice orçamental.

Para essa descida contribuiu, como é óbvio, a baixa da actividade económica derivada da “crise”, mas, bem mais que isso, a fuga ao fisco e a fraude.

Alguns dados (ler o estudo de Eugénio Rosa, na sequência do muito meritório trabalho que vem fazendo de acompanhamento dos factos económico-financeiras da sociedade portuguesa):

• As receitas fiscais diminuíram 13,7% de 2008 para 2009 enquanto o PIB apenas decresceu 0,9%;
• No OE para 2010, projecta-se que o PIB recupere, em relação a 2009, 1,5%, enquanto as receitas fiscais apenas recuperariam apenas 1,1%;

• Os impostos directos desceriam de 43,9% do total em 2009 para 42,9% em 2010, com correspondente maior percentagem nos impostos indirectos que são socialmente “cegos”;

• O IRS (o que trodos pagamos), que se manteve ao mesmo nível em 2008 e 2009, cresceria 1,1%, mas o IRC (o que pagam as empresas) desceria 29,3%!;

• No IVA, a diferença entre 2008 e 2009 foi -21,6%, e projecta-se que desça 18,8% entre 2008 e 2010, por ser escassa a recuperação entre 2009 e 2010;

• Num estudo da Comissão Europeia estima-se em -2,3%, -22,8% e -21,2% as diferenças entre o IVA potencial e o IVA recebido, para 2008, 2009, e 2010, ilustrando bem uma faceta da fraude fiscal;

• Desde 2005, a soma das receitas fiscais perdidas devido a benefícios fiscais concedidos foi de 15,6 mil milhões de euros, dos quais 9 mil milhões de isenção temporária do IRC à Região da Madeira.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
Um Partido mais forte para dinamizar a luta
Nos 35 anos da Reforma Agrária
A Terra a quem a trabalha
O Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, participou ontem em Montemor-o-Novo na primeira das iniciativas com que o PCP vai assinalar, ao longo de 2010, os 35 anos da Reforma Agrária, uma das mais importantes conquistas da revolução de Abril que transformou radicalmente os campos do latifúndio, criando trabalho e desenvolvimento onde até então dominavam o atraso, a exploração, a miséria, o desemprego.
Indústria em luta
Por contratos e salários
Os trabalhadores do sector automóvel e metalurgia, das indústrias químicas e do material eléctrico exigiram a revisão dos salários e o respeito pela contratação colectiva.
Açores
Desemprego força emigração
A JCP denuncia situação que afecta os jovens licenciados da Ilha das Flores, sem emprego e na iminência de terem de terem de procurar trabalho fora da região.
Braga
Tribuna Pública
O PCP promoveu, no centro de Braga, uma tribuna pública, no âmbito da campanha nacional «Lutar contra as injustiças, exigir uma vida melhor», para denunciar as injustiças sociais a que se assiste na região.
Orçamento do Estado
Sacrifícios para o povo, benesses para o capital
Grécia
Nova greve geral
Uma nova greve geral ameaça paralisar a Grécia na próxima quarta-feira, 24, duas semanas depois da grande jornada de luta promovida pelo sindicato PAME.
NATO
Agressão sem fronteiras
A Aliança Atlântica vai alterar o seu conceito estratégico com o objectivo de dar cobertura à extensão das operações de agressão além fronteiras dos países membros do bloco.
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

www.imperialismo.com (internet segura?)

Assinalou-se na passada terça-feira o «Dia europeu da internet segura». 

Perguntar-se-á o leitor e bem sobre qual a sua utilidade. 

Resultando sobretudo das pressões dos lobbies, cumprindo os objectivos da agenda política e ideológica da burocracia de Bruxelas e servindo essencialmente para desviar atenções do essencial, existem dias e anos europeus para todos os gostos, a esmagadora maioria deles completamente inúteis.

Mas - e voltando ao tema - como até pensamos que a internet segura é um tema importante, ocorreram-nos nesse dia algumas questões. 

Aqui ficam elas: 

Será seguro que 9 dos 12 servidores que asseguram a nível mundial o funcionamento da internet estejam localizados no mesmo país, os EUA? 

Será seguro que a gestão da internet a nível mundial esteja nas mãos da ICANN, uma Organização do Departamento de Comércio dos EUA? 

Será seguro que a Google - que protagonizou recentemente uma «guerra» contra a China – tenha realizado um acordo de com a Agência de Segurança Nacional dos EUA? 

Porque será que 90% das mensagens do protesto twitter contra Chávez - apresentado como um exemplo de mobilização dos venezuelanos «livres» - partiu ou dos EUA ou da Colômbia? 

E porque será que o mesmo aconteceu relativamente ao Irão? 

Será seguro que o Facebook seja legalmente proprietário, com direitos de transmissão e venda, de todos os dados dos seus utilizadores e que a maior rede social do mundo seja gerida por uma empresa privada acusada de ter ligações indirectas à CIA? 

Porque será que o Departamento de Estado norte-americano considera a Internet uma questão de segurança nacional e a NATO irá incluir o tema da segurança cibernética no seu conceito estratégico?

Curiosamente, ou nem por isso, nenhuma destas questões foi sequer tocada no dia europeu. 

E isso suscitou-nos uma dúvida final: 

Será porque se está a passar com a internet exactamente o mesmo que aconteceu noutros momentos da História mundial? 

Ou seja a apropriação pelo capital e pelo imperialismo das conquistas civilizacionais da ciência e da técnica, transformando-as em instrumentos de domínio e opressão dos povos? 

De facto, a luta de classes expressa-se de muitas formas, até em megabytes.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Software livre não é livre para países que EUA vetam

O Sourceforge, maior biblioteca de desenvolvimento de projetos de “software livre” – programas de computador que não exigem licensa e são de uso irrestrito – chocou os meios de informática do mundo inteiro ao bloquear o acesso de internautas de acordo com as listas negras expedidas pelo governo americano.

São milhares de pessoas e empresas, de várias partes do mundo e simplesmente todos os internautas residentes em Cuba, na Síria, Irã, Coréia do Norte e no Sudão.


O detalhe é que o Souceforge nem sequer é proprietário dos softwares desenvolvidos ou em desenvolvimento ali, cujos teóricos direitos autorais pertencem a pessoas que, simplesmente usam o site como hospedeiro ou lugar de aprimoramento e troca de informações sobre o desenvolvimento do software que criam.

Programas importantíssimos, porque são de livre uso e gratuitos.

Quem já precisou comprar um programa de computador legalizado sabe que os preços são extorsivos.

Ou seja, a pretexto de cumprir o embargo americano a estes países, pessoes e entidades, o site trata a propriedade de terceiros como se fosse sua – e produto americano – e impede o acesso a ela.

No comunicado que postaram no site parecem envergonhados e reconhecem os prejuízos que isso pode causar às pessoas, mas dizem que não podem agir de outro modo, pelo risco de serem fechados ou, até, terem seus responsáveis presos.

Depois do comunicado, o site registra centenas de protestos de seus próprios usuários cadastrados, vindos de todas as partes do mundo, inclusive o de um brasileiro:

“Para nós, na América Latina, o Souceforge.net sempre foi um serviço essencial por sua estabilidade e fácil acesso.

A maioria das redes latinoamericanas atravessam primeiro os Estados Unidos, assim as ligações são sempre mais fáceis com vocês.

Mas essa mudança de políticas é tanto um movimento muito prejudicial quanto nos fazem perceber que não podemos confiar mais em vocês mais, porque não compartilham os princípios do código aberto e software livre.

É muito triste ver técnicos muito competentes sendo colocados de joelhos por interesses políticos dos quais nem eles participam.”

Onde está a moral dos Estados Unidos para falarem em censura à internet no Irã ou na China, depois disso?


Retirado do Vermelho.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Como vai tudo isto in/evoluir?

A crise, que se dizia ser apenas económica e vinda de fora, vai passar também a política e bem cá de dentro?

Nossa!

Como vai tudo isto evoluir?

Os cenários são múltiplos e, aparentemente, passam todos pelo Largo do Rato, por S. Bento, por Belém.

Que é lá que têm sede o PS, a Assembleia da República, o Presidente da República.

Ali perto, para a Lapa, também o PSD procura recuperar tempo perdido (e não só…), para poder acompanhar esta correria.

Por essas bandas (e também lá para o Largo do Caldas do CDS/PP) há, decerto, bandos de “especialistas” que, em gabinetes, se afadigam em cálculos e estratégicas, em ensaios de artes & manhas.

Em negócios e traficâncias.

Sem temor e sem pudor.

Sobre as políticas, os princípios, os valores, sobre os… outros?

Têm lá tempo para pensar nessas coisas.

Então… e nós?

Nós, os que somos e queremos estar junto da vida, das pessoas, das empresas que fecham, dos desempregados que aumentam, dos salários estagnados, da pobreza que cresce (envergonhada), dos juros que não se conseguem pagar, de situações aflitivas… não temos nada a dizer, para além de votar se a “saída” forem eleições?

Claro que temos, e não calaremos.

Mas que informação nos chega?

Aquela que vemos, ouvimos e lemos?

A das escutas e outras diversões... malucas.

Chega?

Informe-SE e informe!

Tanto (e quando...) do futuro depende disso!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Eles não têm ilusões, só perversões!

«Desde o tempo de Salazar que um grupo de talvez 40 famílias - que controla a maioria da riqueza do País - desempenha um papel decisivo no exercício do poder político.

A sua posição é derivada do seu controlo da economia, propriedade de meios de comunicação social, representação nos corpos legislativos, e a sua estreita ligação com os cargos superiores do Governo.

Consequentemente, a política do governo tem reflectido as posições conservadoras deste grupo nos planos político, económico e social.»

Este texto tem 36 anos.

Pertence a um dos relatórios secretos da CIA sobre Portugal realizados em 1974, e que a Associação 25 de Abril tornou público no seu site.

Assim se constata que o que a CIA escreve nos seus relatórios secretos e o que a CIA manda escrever pelos seus analistas (que ontem como hoje enxameam a Comunicação Social) são duas coisas diferentes.

É a diferença entre informação e propaganda.

Aqui descrito pela própria CIA encontramos o capitalismo monopolista de Estado que o 25 de Abril liquidaria e que a contra-revolução tomaria como tarefa principal reconstruir.

Deixando bem claro o carácter objectivo de um poder económico que determina o poder político e as suas formas.

De um poder económico que em nome dos seus previlégios impôs a mais brutal repressão dos trabalhadores e do povo, impôs uma guerra colonial, impôs a censura e a PIDE.

De um poder económico que é hoje, no essencial, o mesmo cujos interesses comandam o Estado Português.

Assim se reforça a análise que o PCP em 1965 colocara como um dos eixos centrais da revolução democrática e nacional, a de que não há democracia política sem democracia económica.

E se desmascara os que - agindo às ordens ou em estreita colaboração com a CIA durante a revolução portuguesa - sistematicamente mentiram ao povo, quando difundiam as teses de que a liberdade dos exploradores é condição para a liberdade dos explorados.

Hoje, perante a ofensiva brutal dos exploradores, que acumulam lucros e propriedades enquanto tentam forçar os trabalhadores a pagar a crise de um modo de produção falido (o capitalista), é importante lembrarmo-nos do quanto depende a nossa liberdade e o nosso futuro da capacidade de retirar à burguesia os sectores estratégicos da economia.
 
Manuel Gouveia no Avante!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O folhetim

O País está a viver empolgantes dias de (mais) uma saga que, mal comparando – falta o fulgor e arte de Camilo presentes até na literatura de cordel – nos remete para o sempre actual e de sucesso garantido «Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!», folheto de dezasseis páginas que conta a história de uma filha que mata a própria mãe apenas para a roubar, publicado sob anonimato em meados do século XIX quando o escritor se viu compelido a vender o talento para matar a fome.

Primeiro foi o ministro Teixeira dos Santos a deixar os portugueses em suspenso ao convocar os jornalistas para fazer uma declaração sobre as finanças regionais, sem direito a perguntas.

Marcada para a fatídica hora de abertura dos telejornais, a comunicação ocorreu mais de meia hora depois dando margem a todo o tipo de especulações: demite-se, não se demite, o que será que vai acontecer?

Quem não fez apostas para passar o tempo enquanto deglutia o jantar deixou certamente arrefecer a sopa, que o suspense foi grande.

Apesar da dramatização a montanha pariu um rato, e o ignaro povo ficou a debater-se entre acintosos comentários sobre Jardim, o paraíso fiscal da Madeira e os 0,03 por cento do PIB que o Governo transformou numa espécie de desígnio nacional ou, se se preferir, num «Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!».

Depois foi o «buraco da fechadura» invocado por José Sócrates para apodar de jornalismo de cordel as notícias vindas a público na edição de sexta-feira do Sol dando conta do seu alegado envolvimento na tentativa de domesticar certos órgãos de comunicação social.

Nos entretantos, a propósito do «caso Mário Crespo», o ministro dos Assuntos Parlamentares Jorge Lacão falou de «calhandrices», e o seu antecessor, Santos Silva, agora na Defesa, voltou à liça para dizer que aquela é «a expressão certa» para qualificar o referido caso.

Anteontem, terça-feira, Sócrates conseguiu finalmente vencer o pudor que aparentemente o acometeu durante os últimos dias – porventura por se ter dado conta da arma de dois bicos que é acusar alguém de andar a escutar atrás das portas ou a espreitar pelos buracos das fechaduras – e classificou como «um acto criminoso, ilegal» a informação veiculado pelo Sol, aproveitando para lamentar «que todos os partidos, todos sem excepção, não tenham tido o pudor de aproveitar o cometimento de um crime para com esse crime atacarem os seus adversários políticos e atacarem-me a mim em particular».

Não chega a ser tão pungente como o «Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!», mas não anda longe.

Enquanto isso, como certamente muita gente reparou, aos costumes disse-se nada, ou seja, quanto à substância do que está em causa estamos como dantes, que é meio caminho andado para cada um tirar as ilações que mais lhe aprouver.

Como estamos no século XXI, na era da globalização, e Camilo já não está entre nós, o folhetim promete continuar.
 
Para já temos a prestimosa ajuda dos peritos internacionais, que à falta de melhor se entretêm a brincar com os nomes dos países caídos em desgraça.
 
Depois de inventarem o clube dos PIGS (porcos, em inglês) com as iniciais de Portugal, Itália, Grécia e Espanha (Spain), criaram agora os STUPID (estúpidos – Spain, Turkey, UK, Portugal, Italy e Dubai).
 
Isto ainda acaba em best seller.
 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sócrates, até quando?

Pertenço a uma geração que se tornou adulta durante a II Guerra Mundial.

Acompanhei com espanto e angústia a evolução lenta da tragédia que durante quase seis anos desabou sobre a humanidade.

Desde a capitulação de Munique, ainda adolescente, tive dificuldade em entender porque não travavam a França e a Inglaterra o III Reich alemão.

Pressentia que a corrida para o abismo não era uma inevitabilidade.

Podia ser detida.

Em Maio de 1945, quando o último tiro foi disparado e a bandeira soviética içada sobre as ruínas do Reichstag, em Berlim, formulei como milhões de jovens em todo o mundo a pergunta

"Como foi possível?"

Hitler suicidara-se uma semana antes.

Naqueles dias sentíamos o peso de um absurdo para o qual ninguém tinha resposta.

Como pudera um povo de velha cultura, o alemão, que tanto contribuíra para o progresso da humanidade, permitir passivamente que um aventureiro aloucado exercesse durante 13 anos um poder absoluto.

A razão não encontrava explicação para esse absurdo que precipitou a humanidade numa guerra apocalíptica (50 milhões de mortos) que destruiu a Alemanha e cobriu de escombros a Europa?

Muitos leitores ficarão chocados a por evocar, a propósito da crise portuguesa, o que se passou na Alemanha a partir dos anos 30.

Quero esclarecer que não me passa sequer pela cabeça estabelecer paralelos entre o Reich hitleriano e o Portugal agredido por Sócrates.

Qualquer analogia seria absurda.

São outros o contexto histórico, os cenários, a dimensão das personagens e os efeitos.

Mas hoje também em Portugal se justifica a pergunta "Como foi possível?"

Sim.

Que estranho conjunto de circunstâncias conduziu o País ao desastre que o atinge?

Como explicar que o povo que foi sujeito da Revolução de Abril tenha hoje como Primeiro-ministro, transcorridos 35 anos, uma criatura como José Sócrates?

Como podem os portugueses suportar passivamente há mais de cinco anos a humilhação de uma política autocrática, semeada de escândalos, que ofende a razão e arruína e ridiculariza o Pais perante o Mundo?

O descalabro ético socrático justifica outra pergunta: como pode um Partido que se chama Socialista (embora seja neoliberal) ter desde o início apoiado maciçamente com servilismo, por vezes com entusiasmo, e continuar a apoiar, o desgoverno e despautérios do seu líder, o cidadão Primeiro-ministro?

Portugal caiu num pântano e não há resposta satisfatória para a permanência no poder do homem que insiste em apresentar um panorama triunfalista da política reaccionária responsável pela transformação acelerada do país numa sociedade parasita, super endividada, que consome muito mais do que produz.

Pode muita gente concluir que exagero ao atribuir tanta responsabilidade pelo desastre a um indivíduo.

Isso porque Sócrates é, afinal, um instrumento do grande capital que o colocou à frente do Executivo e do imperialismo que o tem apoiado.

Mas não creio neste caso empolar o factor subjectivo.

Não conheço precedente na nossa História para a cadeia de escândalos maiúsculos em que surge envolvido o actual Primeiro-ministro.

Ela é tão alarmante que os primeiros, desde o mistério do seu diploma de engenheiro, obtido numa universidade fantasmática (já encerrada), aparecem já como coisa banal quando comparados com os mais recentes.

O último é nestes dias tema de manchetes na Comunicação Social e já dele se fala além fronteiras.

É afinal um escândalo velho, que o Presidente do Supremo Tribunal e o Procurador-geral da República tentaram abafar, mas que retomou actualidade quando um semanário divulgou excertos de escutas do caso Face Oculta.

Alguns despachos do procurador de Aveiro e do juiz de instrução criminal do Tribunal da mesma comarca com transcrições de conversas telefónicas valem por uma demolidora peça acusatória reveladora da vocação liberticida do governo de Sócrates para amordaçar a Comunicação Social.

Desta vez o Primeiro-ministro ficou exposto sem defesa.

As vozes de gente sua articulando projectos de controlo de uma emissora de televisão e de afastamento de jornalistas incómodos estão gravadas.

Não há desmentidos que possam apagar a conspiração.

Um mar de lama escorre dessas conversas, envolvendo o Primeiro-ministro.

A agressiva tentativa de defesa deste afunda-o mais no pântano.

Impossibilitado de negar os factos, qualifica de "infame" a divulgação daquilo a que chama "conversas privadas".

Basta recordar que todas as gravações dos diálogos telefónicos de Sócrates com o banqueiro Vara, seu ex-ministro foram mandadas destruir por decisão (lamentável) do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, para se ter a certeza de que seriam muitíssimo mais comprometedoras para ele do que as "conversas privadas" que tanto o indignam agora, divulgadas aliás dias depois de, num restaurante, ter defendido, em amena "conversa" com dois ministros seus, a necessidade de silenciar o jornalista Mário Crespo da SIC Noticias.

Não é apenas por serem indesmentíveis os factos que este escândalo difere dos anteriores que colocaram José Sócrates no banco dos réus do Tribunal da opinião pública. Desta vez a hipótese da sua demissão é levantada em editoriais de diários que o apoiaram nos primeiros anos e personalidades políticas de múltiplos quadrantes afirmam sem rodeios que não tem mais condições para exercer o cargo.

O cidadão José Sócrates tem mentido repetidamente ao País, com desfaçatez e arrogância, exibindo não apenas a sua incompetência e mediocridade, mas, o que é mais grave, uma debilidade de carácter incompatível com a chefia do Executivo.

Repito: como pode tal criatura permanecer como Primeiro-ministro?

Até quando, Sócrates, teremos de te suportar?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Hoje há Avante!


DESTAQUES:
Mais de 50 mil contra a mesma política
Exigência de ruptura
A finalizar o seminário promovido pelo PCP sobre dez anos de política de direita, Jerónimo de Sousa afirmou que existem alternativas capazes de assegurar a construção de um Portugal mais justo, solidário e desenvolvido.
A terra a quem a trabalha!
O PCP assinala os 35 anos da Reforma Agrária, «acontecimento inspirador, hoje, da necessária ruptura com a política de direita.
Das mentiras à realidade
Com os votos contra do PS, foi aprovada a nova Lei das Finanças Regionais que, segundo o PCP, «não aumenta o endividamento».
Por melhores salários
A CGTP-IN e os sindicatos mostram que a crise é um argumento perverso e insistem em mobilizar os trabalhadores para a luta.
Grandiosa jornada de luta
Cerca de 30 mil estudantes do ensino básico e secundário manifestaram-se por todo o País exigindo o fim dos exames nacionais, o direito à escola pública e a implementação efectiva da educação sexual nas escolas.
Um marco na libertação
Inaugurando no Porto a exposição do PCP sobre a revolução de 1910, Albano Nunes sublinha a necessidade de um melhor conhecimento acerca das causas e das forças que derrubaram a monarquia.
Comunistas chilenos voltam ao parlamento
Mais de 35 anos após o golpe que derrubou Salvador Allende, três membros do PCC voltam ao parlamento e lutam contra a ilegalização do partido recentemente decretada.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Autarquia CDU aumenta salários dos trabalhadores

Ele ainda há notícias assim, que nos deixam boquiabertos (ou talvez não...).
Vidigueira combate a crise
A Câmara da Vidigueira aumentou em 82,08 euros o salários dos trabalhadores que recebem o ordenado mínimo e reduziu os dos que ocupam cargos de nomeação.

A notícia completa está aqui.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Administração Pública em luta!


Administração Pública em luta!

Hoje, dia 5 de Fevereiro, em Lisboa, contamos contigo na Manifestação Nacional da Administração Pública!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Grandiosa jornada de luta dos estudantes. Também Estremoz participou.

Milhares de estudantes do ensino básico e secundário manifestaram-se hoje, quinta-feira, por todo o País, contra os exames nacionais e cortes no financiamento das escolas, a privatização do ensino, o Estatuto do Aluno e o Regime de Faltas.

Os alunos reivindicaram, de igual forma, a aplicação da Educação Sexual e mais democracia nas escolas, muito atacada nos últimos anos, com a proibição de reuniões gerais, impedimento de formação de associações de estudantes e de manifestações estudantis.

Em Lisboa, oriundos de dez escolas do concelho, mais de 400 alunos concentraram-se no Saldanha, dirigindo-se depois para o Ministério da Educação.

«Educação Sexual faz falta ao pessoal», «estudantes unidos jamais serão vencidos», «exames são um muro, assim não há futuro» e «chega de mais do mesmo», foram algumas das palavras de ordem entoadas de viva-voz, dirigidas ao Governo PS.

Organizado pela Delegação Nacional de Associações de Estudantes dos Ensinos Básico e Secundário, realizaram-se ainda protestos, entre muitos outros distritos, em Setúbal, Évora, Coimbra, Viseu, Aveiro e Porto.

Também os alunos da Madeira e dos Açores lutaram pelos seus direitos e exigiram uma escola pública, gratuita e de qualidade para todos.

Em Estremoz, na Escola Secundária, onde tive de me deslocar pela manhã, dezenas de alunos estavam concentrados junto ao portão de entrada, devidamente identificados com uma faixa e gritando palavras de ordem.

Das palavras de ordem gostei particularmente daquela em que se gritava: "Um, dois, três, quatro, cinco, seis, não queremos estas leis".

Ver o sítio da Delegação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico.

Hoje há Avante!

DESTAQUES:
Mobilização e luta
Humilhados e ofendidos
Ao terceiro dia de uma greve nacional quase total, cerca de 20 mil profissionais de enfermagem protagonizaram a mais participada manifestação de protesto da sua história.
Consideram-se humilhados e ofendidos com a discriminação salarial proposta pelo Governo.
«Biblioteca Avante!»
Com este número do Avante! sai o primeiro livro da nova colecção – Dezassete instantes de uma Primavera – da autoria de Iulian Semionov, com o preço de 9,45 euros.
Voto contra OE 2010
O PCP anunciou o voto contra o Orçamento do Estado, que revela uma opção de continuidade e agrava a política de direita e obedece às mesmas orientações.
A luta está a crescer!
Hoje é dia de luta no ensino secundário e básico.
Por todo o País, milhares de estudantes vão protestar contra exames nacionais e privatização do ensino.
Contra o ultraje
Os trabalhadores da Administração Pública têm ainda mais razões para manifestarem a sua indignação e revolta, afirmou a Frente Comum de Sindicatos, com siderando o Orçamento do Estado para 2010 como «um ultraje».
Mais de 50 embaixadas
Desde que o Tratado de Lisboa entrou em vigor e sem qualquer enúncio público, a Comissão Europeia transforma 54 das suas delegações em embaixadas.
Resistência dos trabalhadores
Milhões de desempregados e de pobres são o resultado do sistema que prossegue no ataque aos salários e direitos mas que enfrenta a resistência dos trabalhadores.
 
 
RESISTIR POR UM MUNDO MELHOR